A escassez de talentos no mercado de trabalho não é exclusividade das empresas privadas, já que a situação no setor público é parecida.
De acordo com estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o crescimento do emprego público no Brasil tem sido inferior ao verificado entre empresas privadas e somente o necessário para repor o estoque de vagas.
Quadro:
Na avaliação do secretário-geral da CSPB (Confederação dos Servidores Públicos do Brasil), Sebastião Soares, a falta de servidores é uma questão grave. "Apesar do aumento de concursos e de um aparente inchaço da máquina pública, o Brasil tem número reduzido de servidores em comparação a outros países", disse.
Com um índice de 11% de profissionais do setor público em relação ao total de pessoas ocupadas, o Brasil apresenta um número inferior de funcionários públicos do que países como Alemanha, Estados Unidos, França, Portugal, Dinamarca e Suécia.
O motivo desta falta de talentos está relacionado, segundo ele, aos baixos salários, às más condições de trabalho e à falta de planos de carreira em setores como saúde, educação, ciência e tecnologia e nos órgãos de fiscalização, conforme informações da Agência Brasil.
O País possui 2.039.499 servidores públicos federais. De acordo com o Ministério Público da União, foram gastos R$ 173,6 bilhões com os salários dos servidores de julho de 2009 a junho de 2010.
Tentativa:
Como forma de tentar reverter essa situação, o governo de Minas Gerais integrou um sistema de gestão e avaliação de desempenho de colaboradores.
O assim chamado Sistema Unificado de Gestão e Desenvolvimento de Capital Humano tem por objetivo visualizar de modo integrado as habilidades de cada funcionário.
O programa funciona da seguinte forma: cada habilidade é relacionada às metas que os colaboradores precisam alcançar, assim como os programas de treinamentos necessários para que cada empregado alcance seus objetivos profissionais.
"Percebemos que alguns objetivos definidos para os colaboradores não eram atingidos justamente porque os servidores não possuíam as competências necessárias", assinala o idealizador do projeto. Como forma de resolver a situação, foram oferecidos cursos à distância.
Mais informações através do endereço eletrônico www.ipea.gov.br.
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Levantamento do IPEA sobre a participação do emprego público no Brasil
O Ipea, Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada, fez recentemente um levantamento sobre a participação do emprego público no Brasil. Constatou que, no Brasil, o tamanho do Estado é muito pequeno em comparação com outros países, como Estados Unidos, países da Europa e mesmo da Ásia. Aqui, o percentual de servidores públicos entre o total de trabalhadores com carteira assinada não chega a 11%. E não chega a 6% se comparado a toda a população.
Segundo o estudo do IPEA, chamado Emprego Público no Brasil: comparação internacional e evolução recente, não há razão para se afirmar que o Estado brasileiro seja um Estado inchado, por um suposto excesso de funcionários públicos. Comparando-se com o total de ocupados, o Brasil tem menos servidores que todos os parceiros do Mercosul. Fica atrás de países como EUA, Espanha, Alemanha, Austrália e muito atrás de Dinamarca, Finlândia e Suécia.
Mesmo nos Estados Unidos, a mais importante economia capitalista por enquanto, caracterizada pelo seu caráter privatista e pelo seu elevado contingente de postos de trabalho no setor privado, o peso do emprego público chega a 15% dos ocupados, revela o estudo.
Nas conclusões, o documento afirma que o atual contexto de crise, em especial, é justamente o momento para discutir o papel que pode assumir o emprego público na sociedade brasileira. Os indicadores não revelam inchaço do Estado brasileiro, quer seja em ponto de vista com a comparação com o tamanho da população ou com relação ao mercado de trabalho nacional. Existe, sim, espaço para criação de ocupações emergenciais no setor público brasileiro. Especialmente nas áreas mais afetadas pelo desemprego. Ou seja, o emprego público mesmo que em atividades temporárias poderia servir como instrumento contra-cíclico. Certamente, não suficiente para compensar todos os postos de trabalho que serão eliminados no setor privado. Mas pelo menos enquanto durarem os efeitos da retração econômica mundial sobre a economia brasileira.
Quando se lê estudos como estes do Ipea, logo, se compreende o motivo da gritaria da direita brasileira quando em 2007 assumiu a presidência da entidade pública federal, o economista. O IPEA estava contaminado pela presença de pesquisadores de outras origens e tinham o objetivo de sustentar o pensamento hegemônico com dados, indicadores e estudos pseudo-científicos. Uma das linhas perseguidas foi a de enfraquecer o Estado para que este fosse presa fácil do pragmatismo neoliberal depredação do setor público. Só interessava o chamado Estado Mínimo. Um verdadeiro bordão que ornamentava dez entre dez discursos do patronato brasileiro, da mídia oligárquica e mesmo setores de esquerda convertidos à religião do mercado inevitável. Hoje, este mundo se desmancha no ar e tudo o que foi sagrado esta sendo profanado por dentro do sistema.
O estado brasileiro é muito pequeno para dar conta dos desafios impostos pela sociedade da mercadoria. Para qualquer lado que se olhe hoje, falta a intervenção pública para constituir políticas, impor decisões não-privadas, alargar os espaços democráticos, reduzir a influencia das oligarquias parasitarias, aumentar a participação e influencia das multidões. E, sobretudo, planejar de forma sustentável o futuro do nosso desenvolvimento.
Aumentar e qualificar o Estado brasileiro é uma condição imprescindível para o resgate de nossa imensa dívida social. Talvez a maior do mundo.
Mais informações através do endereço eletrônico www.ipea.gov.br.