Búzios: Um monte de assuntos e os concursos públicos

William Douglas

(Janeiro/2007)

Estou em férias. Um direito e necessidade de todos, e algo bem mais simples e seguro de se tirar no serviço público. Conheço vários amigos que trabalham em empresas privadas e ficam estressados, imaginando se não serão demitidos logo após o seu retorno.

Graças ao concurso, minhas férias são mais tranqüilas. Não totalmente, pois ainda tenho outros objetivos a contemplar.

Minhas férias possuem um objetivo tríplice: descansar, trabalhar no novo livro (oratória) e viajar para as diversas palestras de lançamento do livro A arte da Guerra para Concursos que marquei pelo país afora. Por conta do descanso, fui para Armação de Búzios, famoso balneário, no Rio de Janeiro. Mais especificamente, fui para a praia da Ferradura e, lá, passei três dias. Voltei, fiz mais palestras, escrevi mais um pouco e voltarei para Búzios semana que vem.

E por qual razão uma coluna fala desses assuntos para quem, talvez, esteja sem tempo, férias ou grana para ir a Búzios ou para qualquer outro lugar legal? Ou para quem férias seja um desejo distante?

Não estou tirando onda. Se fosse para tirar, estaria em Búzios. Estou aqui para lhe animar, falando sobre as férias que você vai merecer, lá. Ou em outro lugar que preferir.

Escrevo exatamente para que você visualize isso, deseje isso e saiba que é algo que pode ter daqui a algum tempo. E se este tempo for alguns poucos anos, e daí? Vale a pena assim mesmo.

Claro que durante a preparação para os concursos públicos você precisa encontrar espaço para descanso periódico e, se der, uma pausa um pouco maior uma ou duas vezes por ano. É a questão do "dia de descanso", que abordo no livro Como Passar em Provas e Concursos: um dia, ou ao menos meio turno de um dia por semana, é bom ficar parado, ou em lazer, com descanso, pois essa prática aumenta sua produtividade. Este conceito já está escrito no Livro de Êxodo, na Bíblia, nos Dez Mandamentos, mas também é ensinado por Domenico De Masi, na obra O Ócio Criativo. Assim, mesmo que você, ao contrário de mim, não creia que Deus possua boas dicas, siga as dicas do moderno filósofo italiano que recomenda um pouco de ócio. São as mesmas.

Claro que esse "ócio" pode ser bem-aproveitado com a família, diversão etc. Não digo com atividade física, pois ela precisa ser feita pelo menos duas a três vezes por semana para ser produtiva e positiva. Aos sedentários, recomendo o "WDPTS - The William Douglas Personal Training System", disponível gratuitamente na minha página pessoal.

Aviso: já recebi agradecimentos do marido de uma concursanda, dizendo que a vida do casal melhorou depois que sua mulher começou a seguir a dica do "dia de descanso". Funciona, experimente. E tenho recebido cartas de concursandos que estão no WDPTS e sentindo seus efeitos positivos. Alguns informam quantos quilogramas emagreceram. O recorde é 15 kg.

Mas voltemos ao assunto. Assim como recomendei uma visita a Bento Gonçalves (RS), no artigo "Vinho e concurso público", agora recomendo Búzios (RJ).

Os vencimentos de servidor público não permitem que você tenha uma casa na praia da Ferradura. Não dá, já conferi. Mas dá para pagar uma pousadinha bem legal (conferi também). Vale a pena. O lugar é lindo, aliás, a cidade toda é uma pérola.

Até passar, cuide para ter seu equilíbrio entre muito estudo e algum descanso. Como dizia Sun Tzu, que comentei em meu novo livro, "sem equilíbrio e harmonia não pode haver formação de batalha". Na batalha dos concursos, tenha um horário equilibrado, com a maior quantidade de estudo e treino que puder, mantendo a qualidade do estudo e um mínimo de qualidade de vida.

Depois de passar, programe Bento Gonçalves, Búzios ou, querendo fazer um pouquinho mais de poupança, Paris ou Nova York. Você vai merecer.Voltemos a Búzios, esse mês, comigo. Se você quiser uma casa na Ferradura, vá ser empresário, artista, jogador de futebol, coisa parecida. Os vencimentos do serviço público são excelentes, mas limitados. É uma opção de vida: você não vai ficar rico, mas também não vai perder o que tem da noite para o dia, nem vai viver estressado e sem horários como empresários, artistas e jogadores vivem. É uma escolha pessoal.

Ah! E os caras que estão roubando no serviço público e têm fortunas? Claro que não esqueci deles. E posso afirmar: não vale a pena. Conheço vários e ainda não encontrei um que tenha paz. Mais cedo ou mais tarde, alguns são pegos e aí o crime não compensou. Quanto aos que nunca são pegos (e existem alguns), já percebi que não são felizes, não têm paz. Parece que encostar a cabeça no travesseiro e saber que é um pilantra, alguém que rouba dos outros, isso parece ter um custo alto. E eu ainda acredito em Justiça Divina, que, ao contrário da humana, não falha nunca. Assim, não sofra como os corruptos e, sempre que der, atrapalhe a vida de um. Há formas seguras de se fazer isso. Mas, por ora, voltemos a Búzios.

Além de lhe fazer lembrar que após a sua posse no cargo, você terá uma série de vantagens e privilégios merecidos, tenho outro ponto a abordar. As vantagens e privilégios são para que você retribua em eficiência, educação e bom atendimento aos seus concidadãos. Não se esqueça que 70% dos servidores públicos serão substituídos nessa década e que esta é uma excelente oportunidade para mudarmos a "cara" do serviço público, em prol do país onde vivemos e onde viverão nossos filhos.

Voltemos a Búzios.

Fui caminhar pela praia, descalço, esposinha do lado, uma maravilha. A praia tem o nome de Ferradura porque é exatamente esse o seu desenho.

Logo onde desci, do lado esquerdo, onde fica a pousada, não se vê o oceano. Parece que estamos em um lago. Na medida em que vamos caminhando para o centro da praia é possível ver a entrada do oceano. A praia é técnica e geograficamente falando, uma pequena enseada. Assim, no início, não vi o oceano Atlântico, mas, no meio exato da praia, é possível vê-lo claramente.

Viciado em concurso é assim mesmo: pensei nos concursos. Imaginei que se o mar fosse o objetivo, seria preciso estar no meio da praia para vê-lo melhor e perceber que a entrada da praia poderia até ser pequena, mas que daria para passar por ali.

Logo me lembrei da minha história, primeiro para passar em um concurso, depois para criar a Editora Impetus, depois para correr os 42 Km da Maratona de Nova York. Sempre que estive no centro do meu objetivo, no centro do meu sonho (o oceano), era perfeitamente visível e sem obstáculos consideráveis. Porém, sempre que me deixava levar para a esquerda ou para a direita, a "entrada" da enseada ou da Baía, a "entrada" para o que eu desejava começava a diminuir de tamanho, a ponto de, eventualmente, de tão oblíquo que se pode ficar, parecia visualmente impossível de ser alcançado.

Se você estiver em um dos cantos da praia da Ferradura, em Búzios, seu ângulo de visão permitirá apenas que você veja um lago, não uma pequena enseada. Se você estiver observando pelo ângulo errado, achará que não há entrada (ou saída) para o mar. Mas há.

A realidade é a mesma, quer você a perceba adequadamente ou não. A questão não é a realidade, mas a sua percepção sobre ela. O problema não importa, já dizia Einstein, mas sim como você o formula.

Se você estiver se achando sem saída em algum problema de sua vida, seja ele o seu casamento, seu emprego, seus sonhos ou seu cargo público, provavelmente sua questão é o ângulo. Você está vendo as coisas do ponto de vista errado, ou obliquamente, ou muito do canto, ou sem ver de cima, da perspectiva exata.

Um problema, na perspectiva correta, é uma oportunidade, um mestre. Uma derrota, pelo ângulo correto, é experiência e um laudo pericial indicativo dos itens a serem revistos e melhorados para o próximo combate. Como digo no livro A Arte da Guerra para Concursos, a cada reprovação, nos transformamos em highlanders que ressuscitam para combater novamente. Nesse assunto, somos invencíveis. A cada derrota, voltamos mais experientes e, se pagarmos o preço de estudo e treino, mais fortes.

Se você não está vendo o mar, camarada, é porque está meio de lado. Vá para o centro de sua vontade, de seu sonho, de seus planos. Dali, a entrada é suficientemente grande e o mar enorme, bonito e perfeitamente possível.

Do centro da Ferradura até o mar existem muitos metros e ondas, mas para quem deseja o oceano, terá de vencer esses desafios, haverá de ser como o rio, que vai dando as curvas, vai buscando os vales e evitando os aclives, até chegar ao seu destino.

Ajuda ver o mar se você está no centro do sonho e visualizando-o, e não nos cantos, sem perspectiva;quando se focaliza o sonho é mais fácil pagar o preço de sacrifício pessoal e dedicação que transforma pessoas comuns em vencedores. Veja o mar, foque nele, nade sobre as ondas, ande sobre elas, se preciso. Levante vôo, se preciso. Veja as coisas de outra perspectiva: esses seus anos de esforço gigantesco serão poucos, comparados aos 20 a 30 anos que estão vindo pela frente e que serão muito mais deleitosos com seu cargo na mão.

Quando estiver navegando na enseada, em direção ao mar, lembre-se do provérbio romano que diz: "se não houver vento, reme".

Assim, focado, com ou sem vento, remando, o mar é um destino. Como digo no mantra número 7: "o concurso não é um obstáculo, o concurso é um caminho". Esse mantra foi inspirado em Amyr Klink, que diz: "o mar não é um obstáculo, o mar é um caminho". Por isso Amyr Klink é um navegador; por isso nós somos concurseiros.

A gente se vê em breve, aqui, ou comendo camarão em Búzios, cedo ou tarde.

Com abraço fraterno, William Douglas

Artigos, textos e dicas de William Douglas

O PCI Concursos em parceria com o site www.williamdouglas.com.br,disponibiliza aqui, vários artigos, textos e dicas de William Douglas sobre "Como Passar" em concursos públicos: