Resposta à Carta Aberta à Polícia (por um Policial)

William Douglas

Amigos,

No dia 21/06, publiquei uma carta aberta à polícia e a quem a comanda comentando sobre minhas impressões em relação aos movimentos que vêm eclodindo na sociedade. Recebi, no mesmo dia, uma mensagem muito sincera à minha carta. Transcrevo-a em seguida, pois valorizo muito o diálogo e repiso a importância de conhecermos os diversos pontos de vista de qualquer tipo de debate. Lembro a todos que sou ex-policial, amo e respeito essa atividade, que publico vários livros direcionados especialmente para a atividade policial. Minhas cobranças são exatamente para que a polícia seja do povo, para "servir e proteger".

Fico muito feliz quando recebo respostas e comentários.

Resposta à Carta Aberta à Polícia

Doutor William Douglas,

Escrevo para pedir ao senhor que não faça coro aos ingênuos ou mal intencionados que criticam a atuação policial.

Não é tão simples como o senhor disse, em sua carta aberta, controlar os manifestantes. Gostaria de lembrar que os policiais estão lá por 5, 6 horas ou mais sob intenso estresse; que os manifestantes são dezenas ou centenas de milhares; que estão espalhados por diversos pontos da cidade; e que, durante uma batalha campal como temos visto, as coisas são bem menos claras que olhando pela tela da televisão.

O dever de manter a situação sob controle torna muito diferente a conduta do policial da conduta do mero espectador. Diferente do que tem propagado a mídia, os violentos não são tão poucos. É possível identificar centenas deles pela tevê. Além disso, está comprovado que há gente contratada - como o incendiário do Itamaraty - atuando. Estão organizados e utilizando táticas para dificultar a ação policial (como comprova o documento distribuído aqui em Porto alegre).

Talvez as pessoas tenham uma imagem por demais fantasiosa do policial; ele é uma pessoa comum, com algum nível de treinamento (maior ou menor conforme a função), sujeito a falhas como todos. A desproporção entre o número de policiais e manifestantes e a falta de meios adequados são tremendas. O senhor bem sabe que em nenhum país desenvolvido seriam admitidas as ações criminosas que têm ocorrido contra as instituições e prédios públicos.

O senhor, defensor da justiça desde sempre, não pode fechar os olhos para a gravidade da situação que estamos vivenciando. Peço que o senhor reflita sobre a viabilidade da conduta policial solicitada e compare com o que ocorre nos países desenvolvidos em situações similares.

Se possível for, mesmo que em momento futuro, converse com algum oficial do Batalhão de Choque para ter a perspectiva dele.

São os pedidos de um admirador seu, Rodrigo
Policial Rodoviário Federal/RS

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